Com uma relevância estratégica global, o setor de energia no Brasil esteve em evidência em 2024. Mas, quais foram os temas mais recorrentes agora que estamos próximos ao último mês do ano? Ou ainda, o que chamou a atenção ou representa uma pauta importante de ser acompanhada?
Realizamos uma busca para listar os tópicos mais discutidos do setor, que podem ser resumidos em:
Antes de nos aprofundarmos em cada um deles, é importante ressaltar a centralidade da temática no mercado global. Afinal, a energia é um recurso fundamental para todos os setores produtivos do país, e as mudanças no segmento impulsionam transformações importantes coletivamente, seja do ponto de vista do desenvolvimento, da economia ou mesmo da qualidade de vida.
Com destaque para a transição energética e o fortalecimento de fontes renováveis, os temas mais discutidos refletiram as tendências e desafios enfrentados no mercado.
O Brasil se consolidou como um dos principais protagonistas na transição energética global, com destaque para o hidrogênio verde. Considerado o “combustível do futuro,” o hidrogênio verde atraiu investimentos significativos, especialmente no Nordeste, onde portos como o de Pecém têm projetos em andamento. A energia eólica e solar também tiveram forte expansão, reafirmando o papel do país como líder em energia renovável e uma peça-chave no combate às mudanças climáticas.
Você conhece o hidrogênio verde?
Impulsionada pela emergência climática e compromissos nacionais para atingir emissões líquidas zero, a IRENA (Agência Internacional para as Energias Renováveis) estima que o hidrogênio será responsável por 12% do uso mundial de energia até 2050.
O recurso é fundamental para a descarbonização de vários setores da economia, como o transporte, e também pode ser a chave para a produção de eletricidade verde em países onde as instalações eólicas e solares são mais difíceis de implementar. No entanto, ainda enfrenta alguns desafios, entenda melhor no vídeo abaixo:
A crescente migração de consumidores para o mercado livre de energia foi um dos temas mais comentados do ano. Empresas de diferentes setores buscam maior controle sobre seus custos, aproveitando condições mais favoráveis e previsibilidade tarifária deste ambiente. Com as mudanças regulatórias previstas para flexibilizar o acesso ao mercado, a expectativa é de que ainda mais indústrias e grandes consumidores optem por esse modelo nos próximos anos.
O Mercado Livre de Energia (MLE) registrou números recordes de migração em 2024, destacando-se como um marco no setor energético brasileiro. Até agora, cerca de 20.973 consumidores já ingressaram no mercado, um aumento significativo comparado aos 7.397 consumidores de 2023, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Esse crescimento é atribuído à abertura do mercado para todos os consumidores do grupo A, conectados à média e alta tensão, permitindo maior liberdade na escolha de fornecedores e modelos de contratação.
O MLE já responde por aproximadamente 37% do consumo total de energia elétrica no Brasil, com destaque para setores como serviços (27% das migrações), comércio (12%) e manufatura. Empresas como supermercados, farmácias e escritórios lideram as adesões, aproveitando economias de até 40% nos custos energéticos e buscando alternativas sustentáveis por meio de fontes renováveis.
Os estados do Sudeste e Sul, como São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, concentram a maior parte das migrações. Esses consumidores movimentam contratos sob medida, que incluem benefícios como flexibilidade, previsibilidade de custos e redução da dependência das bandeiras tarifárias aplicadas no mercado regulado
As bandeiras tarifárias e os aumentos nos custos de energia motivaram debates sobre gestão de riscos e estratégias de redução de gastos. A inflação e a volatilidade dos preços impulsionaram a busca por eficiência energética, com muitas empresas adotando soluções para monitorar e controlar o consumo.
As bandeiras tarifárias refletem as condições de produção de energia e ajudam a dar previsibilidade ao consumidor sobre o aumento dos custos. Na prática, funcionam como um “sinal” para o consumidor de que o custo da energia subiu ou está mais controlado. Existem três principais bandeiras:
Entenda mais sobre as bandeiras tarifárias aqui.
O cenário regulatório foi central nas discussões de 2024. Projetos como o “PL do combustível do futuro” e incentivos fiscais para energia renovável foram amplamente debatidos, sinalizando o interesse em alinhar o crescimento econômico com a sustentabilidade. A expansão da infraestrutura energética e os planos de longo prazo para aumentar a geração distribuída também ganharam atenção, refletindo o compromisso do Brasil com uma matriz energética mais robusta e diversificada
A PL do Combustível do Futuro foi aprovada no Congresso Nacional em setembro de 2024 e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em outubro do mesmo ano. Essa legislação estabelece diretrizes para o desenvolvimento de combustíveis sustentáveis no Brasil, colocando o país em posição de destaque na transição energética global.
Entre as iniciativas centrais da lei, destacam-se:
Um ponto de destaque é a inclusão da agricultura familiar na produção de biocombustíveis, promovendo o uso sustentável de matérias-primas agrícolas, como oleaginosas. Essa iniciativa busca equilibrar o avanço da transição energética com a preservação da segurança alimentar e o desenvolvimento rural sustentável.
O programa é visto como um dos mais ambiciosos projetos globais de descarbonização no setor de transportes, promovendo uma mobilidade mais sustentável e impulsionando a inovação tecnológica no Brasil.
O avanço de tecnologias como smart grids e soluções de IoT voltadas para o setor energético foi tema recorrente. A digitalização das redes elétricas e o monitoramento em tempo real do consumo representam passos importantes para aumentar a eficiência, melhorar a distribuição e fortalecer a resiliência do sistema energético nacional.
Esses tópicos ilustram como o Brasil, com sua matriz predominantemente renovável, continua a atrair investimentos, a liderar discussões globais e a influenciar o mercado energético em diferentes frentes. Em 2024, o país reafirmou sua posição como uma potência verde, pronta para encarar os desafios da transição energética global.
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