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Receio sobre nova influência do estado em tarifas de energia

Tarifa de Energia

O presidente Bolsonaro afirmou que iria “meter a mão na energia elétrica” e isso gerou temor de que haveria interferências sobre o setor como nos governos anteriores. A última década já foi marcada pelo processo de recuperação dos efeitos da Medida Provisória 579/2012, da então presidente Dilma Rousseff. O movimento de baixar artificialmente a conta de luz por meio da renovação antecipada de concessões teve impactos negativos sobre o fluxo de caixa das empresas.

O setor elétrico tem R$ 50,1 bilhões a receber graças a cobranças tributárias indevidas. Em 2017, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que as empresas têm direito ao crédito do que já foi pago. Decidiu-se que os valores seriam repassados aos clientes. A operação ainda depende da regulamentação da Agência Nacional do Setor Elétrico (Aneel), e a Agência colocou em consulta pública uma proposta que prevê a devolução por meio de abatimento nos próximos reajustes tarifários em um prazo de cinco anos. 

O temor agora é que Bolsonaro apresse a devolução para que os valores sejam injetados na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo para políticas públicas do setor elétrico custeado pelas tarifas. Segundo Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da UFRJ (  ), o receio do mercado é de uso político de um problema que está pacificado. 

As falas de Bolsonaro sobre a redução das contas de luz vieram logo depois do anúncio de substituição do presidente da Petrobras em decorrência de aumentos no preço de combustíveis. Em meio a críticas sobre a falta de clareza da comunicação presidencial, também se especulou no mercado de energia que Bolsonaro poderia usar os valores que a União tem a receber com a privatização da Eletrobras para aplicação na CDE. Esse cenário, entretanto, não terá impactos no curto prazo, já que a privatização da estatal segue travada.

Entre executivos do setor há a ideia de que seja pouco provável uma nova redução artificial de preços de energia. Eles defendem que uma mudança nas tarifas só virá com a discussão da incidência de encargos e tributos sobre as contas.

Toda interferência do Estado num setor regulado, como é o de energia elétrica, aumenta a percepção de risco do investidor, o que leva a um aumento da taxa de retorno esperada do investimento, o que, no final, representa um produto mais caro ao consumidor. Ou seja: aumentando o risco, aumentará o preço da energia.

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